segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Brasil quer pousar sonda ASTER em triplo asteroide em 2019

O Brasil está prestes a dar um importante salto tecnológico e realizar o que poucos países já fizeram em termos de tecnologia espacial. Se tudo der certo, o país pousará uma pequena sonda em um raro mundo distante, dando início à primeira exploração espacial brasileira. Batizada de Missão ASTER, o projeto é uma parceria entre diversas universidades e instituições brasileiras e tem como objetivo principal o desenvolvimento e a qualificação do país em tecnologias de ponta, além de fornecer uma grande oportunidade de pesquisa em diversos setores do conhecimento, especialmente a geologia planetária. O alvo da missão ASTER é o triplo asteroide 2001 SN263, descoberto pelo projeto LINEAR em 2001. Na ocasião da descoberta, pesquisadores estadunidenses acreditavam se tratar de um objeto único, mas através de imagens de radar feitas em 2008 através do radiotelescópio de Arecibo, em Porto Rico, constatou-se que era um sistema triplo, com duas rochas orbitando o asteroide principal. Programada inicialmente para ser lançada em 2015, a missão ASTER teve seu início adiado e a nova data foi marcada para outubro de 2017, com previsão de chegada ao asteroide em fevereiro de 2019, quando o objeto estiver a 150 milhões de quilômetros da Terra. O projeto da estrutura principal da nave não é de concepção brasileira, mas uma adaptação de uma sonda espacial desenvolvida pelo IKI, Instituto de Pesquisas Espaciais, da Rússia. O veículo será modificado para receber uma série de experimentos que fazem parte da missão, entre eles o instrumento ALR, um altímetro laser desenvolvido pela Universidade de Campinas e que terá importância fundamental durante as fases de aproximação e pouso no asteroide. Além disso, o instrumento deverá registrar dados para obtenção de perfis topográficos e confecção de um modelo global de 2001 SN263. A bordo da sonda seguirão viagem uma vasta gama de instrumentos, entre eles um espectrômetro infravermelho, que será usado na mineralogia do asteroide e um espectrômetro de massa, que possibilitará determinar os componentes químicos encontrados na rocha. A ASTER também carregará em seu interior um experimento de astrobiologia, que verificará a resistência de micro-organismos no ambiente do asteroide e um experimento de plasma, para detectar e analisar esse estado da matéria nas imediações de 2001 SN263. Além dos instrumentos e experimentos mencionados, a ASTER também levará uma câmera imageadora de alta resolução, que fará fotografias antes, durante e depois do pouso. A alimentação dos circuitos e computadores de bordo ficará a cargo de um conjunto de painéis solares de arseneto de Gálio, com capacidade de 2100 Watts. Para chegar ao asteroide, a sonda fará uso de um moderno trio de propulsores iônicos, PION, PTT e PHALL, desenvolvidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e pela Universidade de Brasília. Esses propulsores são 10 vezes mais econômicos que os modelos tradicionais, permitindo que a sonda viaje por dois anos até entrar na órbita de 2001 SN263. A massa estimada da sonda ASTER é de 150 kg, dos quais 66 kg correspondem ao peso do combustível. Até hoje, poucas sondas realizaram o desafio proposto pela missão ASTER. Em 2000, os EUA enviaram a nave Near-Shoemaker para explorar o asteroide Eros. Em 2003 foi a vez do Japão enviar a sonda Hayabusa até o asteroide Itokawa, onde realizou imagens e dados geológicos. Em 2012 a Nasa lançou a sonda Dawn com destino ao asteroide VESTA. Se os planos brasileiros não forem adiados, será a primeira vez que um asteroide triplo receberá a visita de uma nave terrestre. Apesar do desenvolvimento da sonda estar bem adiantado, o mesmo não se pode dizer de um possível veículo lançador brasileiro que poderia levar a sonda até a órbita de transferência, condição necessária para a ASTER seguir viagem rumo ao asteroide. Os testes do Veículo Lançador de Satélites, VLS, estão bem atrasados e ao que tudo indica não poderá ser usado para colocar em órbita a sonda. Se essa opção não for possível, o Brasil deverá usar a estrutura e os foguetes lançadores russos. O projeto ASTER é uma parceria entre diversas instituições brasileiras, entre elas o Observatório do Valongo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Observatório Nacional (ON), Universidade Estadual Paulista (UNESP), Instituto Astronômico e Geofísico da Universidade de São Paulo (IAG-USP), Universidade Federal do ABC, Unicamp, INPE, Agência Espacial Brasileira (AEB) e Instituto de Pesquisas Espaciais da Rússia. A missão está sendo coordenada pelos pesquisadores Elbert Macau e Haroldo de Campos Velho, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Othon Winter, ligado à Universidade Estadual Paulista e Alexander Sukhanov, cientista ligado ao INPE e Instituto de Pesquisas Espaciais da Rússia. O ASTER (sigla para Advanced Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer) é um instrumento do satélite Terra, lançado pela NASA em 1999 como parte do programa Earth Observing System - EOS (http://ASTERweb.jpl.nasa.gov/). Único instrumento do satélite Terra capaz de obter imagens de alta resolução (15 a 90 m) do nosso planeta nas regiões dos espectros visíveis, near-infrared (VNIR), shortwave-infrared (SWIR) e thermal infrared (TIR), o ASTER é constituído de três subsistemas de telescópio distintos: VNIR, SWIR e TIR. O ASTER possui alta resolução espacial, espectral, radiométrica e radiômetro de imagens de 14 bandas. A separação espectral é completada através de filtros de passagem de banda discretos e dicróicos. Cada subsistema opera numa região espectral diferente, possuindo seu próprio telescópio. Com operação por um tempo limitado em partes do dia e noite de uma órbita, sua configuração completa (todas as bandas em stereo plus) coleta dados numa média de 8 minutos por órbita. A configuração reduzida (bandas limitadas, ganhos diferentes, etc) pode ser implementada como solicitação por investigadores. Os produtos de dados do ASTER incluem: radiações e reflecções espectrais da superfície da Terra; temperatura da superfície e emissividades; mapas digitais de elevação de imagens stereo; mapas da vegetação e da composição da superfície; consequência das nuvens, gelo do mar e gelo polar; observação de desastres naturais (vulcões, etc). Dr. Robert Vincent fala sobre o satélite ASTER

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