Um projeto de bilhões de euros, previsto para ficar pronto em 2013, começa a se erguer: uma ilha com praias, campos de golfe, oceanário, marinas capazes de ancorar centenas de barcos e quatro museus - entre eles uma “filial” do Museu do Louvre, da França, e outra do Museu Guggenheim, de Nova Iorque. Além de residências e apartamentos de luxo, o destino terá 29 hotéis - um deles "sete estrelas" -, parques arborizados e lojas de grifes famosas. Não pense que é coisa dos norte-americanos. A Ilha da Felicidade, que em uma mistura da língua local com o inglês resultou em Saadiyat Island, fica em Abu Dabi, um dos sete Emirados Árabes.
A extravagância não se resume apenas a ele. Seu vizinho mais conhecido, Dubai, também dá mostras do poder de expansão. “Há um novo planeta sendo construído em Dubai”, afirma Marcelo Toledo, diretor-geral da M/Brazil Intercâmbios, agência especializada em preparar roteiros de trabalho no exterior. Com isso, novas oportunidades de colocação se abrem para os brasileiros, num momento em que os destinos tradicionais, como Estados Unidos e Europa, apresentam tendência de queda por conta da crise econômica. Segundo os dados da M/Brazil, os países do Golfo terão 61 novos hotéis até 2010. Desses, 35 estão em fase de construção, em Dubai. Serão 22 novas obras este ano e outras 13 em 2010. De acordo com Toledo, os Emirados Árabes não pretendem mais viver essencialmente de petróleo, e sim do turismo, já nos próximos anos. Resultado: “só em Dubai, há 400 vagas abertas para trabalho em hotéis”, diz o diretor. Em contrapartida, segundo Toledo, 800 vagas pré-negociadas com os americanos foram canceladas e, esse ano, a agência não embarcou nenhum brasileiro para temporada de trabalho nos Estados Unidos.
Enquanto os planos do Oriente envolvem a construção de um megacomplexo turístico, os dos americanos são opostos. “Os empresários de turismo estão pessimistas por conta da crise e fecharam as portas dos Estados Unidos para intercâmbios”, conta Toledo. As causas são: “primeiro, eles não acreditam que seus parques temáticos ficarão lotados na temporada que se aproxima e, em segundo lugar, agora está sobrando mão de obra por lá, e eles não pretendem importar”, explica o diretor.
Em Dubai, a sommelière brasileira Cristina Piereck, de 33 anos, que trabalha lá há nove meses, não se arrepende da escolha. “Tem muito emprego aqui”, diz ela. Cristina embarcou para os Emirados a fim de montar uma adega e estruturar uma equipe de trabalho em um hotel, o The Adress Downtow Burj Dubai. Alguns meses depois, finalizou seu trabalho e ingressou em outro hotel, o Le Meridien Dubai. Hoje, a sommelière tem dois hotéis na fila para prestar o mesmo serviço. Cristina pretende ficar pelo menos por mais dois anos fora. Talvez vá para Abu Dabi, onde, segundo ela, há ainda mais propostas de trabalho. “Em Dubai já há muitos hotéis prontos ou em construção; em Abu Dabi, faltam hotéis. Eles vão começar a construir e vão chover oportunidades”, imagina ela.
Chances e experiência – Apesar das difíceis regras de convivência de um país muçulmano e do calor no verão que se aproxima, Cristina garante que o sacrifício vale a experiência. “Não é fácil, tem que ralar, mas dá para ganhar dinheiro”, afirma ela.
De acordo com a sommelière, os empregadores pagam todas as despesas de moradia, luz, água e o salário é livre de impostos. “Como não há muitos gastos, o poder de consumo aqui é muito grande”, explica Cristina, que acaba de voltar de uma viagem de férias pela Tailândia. “Apesar da rotina de trabalho puxada, de até 12 horas de trabalho diárias, nas férias as pessoas do mundo inteiro que trabalham aqui podem visitar os países vizinhos”, conta Cristina.
As vagas de Dubai – Para os cargos iniciais, como hostess e garçons, garçonetes, bartenders, camareiros e recepcionista é necessário ter até 30 anos, inglês fluente e, no mínimo, um ano de experiência na função a qual pretende concorrer. Já para cargos de supervisão ou liderança, como diretor de vendas e marketing, além do ótimo nível de inglês é preciso um algo mais, como um curso de especialização.
O salário varia de US$ 400 a US$ 3.000 – sem contar com as gorjetas que, por vezes, podem ser bem altas. A jornada de trabalho, em média, é de 6 dias na semana, com 8 horas diárias. Segundo Toledo, além das oportunidades de Dubai, há ainda mercados na Nova Zelândia para trabalho agrário e, em Angola, nos setores de construção civil e enfermagem.
Nova Zelândia – “É preciso apenas boa saúde e vontade de trabalhar. Não precisa saber nada de inglês nem ter experiência”, afirma Toledo. Isso porque o trabalho se resume à colheita de kiwi, já que o país é o maior produtor dessa fruta. Segundo Toledo, há um convênio com o governo do país para liberar 300 vistos de trabalho por ano e pessoas de até 50 anos podem concorrer. “Há chances de aprender inglês na marra e, ainda, conhecer a cultura de pessoas de vários países que também trabalham lá”, diz o diretor.
Perspectiva para o futuro – Para o diretor Marcelo Toledo, os Emirados Árabes e Angola são as grandes apostas do futuro. “Até 2020, cerca de 400 mil empregos serão gerados por lá”, acredita ele.
Em Angola a situação é peculiar, de acordo com Toledo. “Fala-se português, mas é um país recém-saído da guerra que precisa se reconstruir. Por isso, precisa de pessoas para trabalhar na construção civil, desde engenheiros até carpinteiros, e também de médicos e enfermeiros”, diz. Marcelo embarca, em breve, para uma feira de captação, na qual pretende incluir Angola como novo destino de empregos para brasileiros oferecido em sua agência.
imagens: Verão 2009 na austrália, Koalas pedem àgua aos "nativos"...
Nenhum comentário:
Postar um comentário