quinta-feira, 16 de abril de 2009

Tucanos de bico verde são soltos em mata nativa de Guarulhos


Dois tucanos de bico verde voltaram à vida livre na última terça-feira (14), depois de serem apreendidos pelo Ibama no tráfico de animais silvestres. Os animais vieram do Parque Ecológico do Tietê, passaram por triagem, quarentena, aclimatação e aguardavam a soltura há uma semana em um grande viveiro construído dentro de uma Área de Proteção Ambiental (APA) de Guarulhos.

A iniciativa faz parte do programa Manejo e Soltura de Animais Silvestres realizado pela Secretaria de Meio Ambiente em parceria com a Companhia de Bebidas das América (Ambev). A soltura aconteceu depois da renovação do contrato do programa que deve se estender por mais dois anos.

A perda de habitat é certamente a principal ameaça à fauna silvestre, além de outros fatores como a caça e a captura ilegal. No entanto, mais de 180 animais já reconquistaram a liberdade depois da criação do programa, que funciona desde 2008.

Segundo o Secretário de Meio Ambiente, Alexandre Kise, a cidade conta com importantes parceiros para preservação da biodiversidade. “Esse programa tem quatro atores ambientais fundamentais: o Ibama, a Ambev, a Prefeitura e a comunidade, que formam uma grande rede de monitoramento em defesa da fauna silvestre”, afirmou.

A transição da vida em cativeiro para a vida livre acontece gradualmente. A bióloga do zoológico de Guarulhos, Cristiane Espinosa Bolóchio, explicou que “primeiro, os bichos passam por um centro de triagem, quarentena e avaliação clínica; depois, eles recebem anilhas de identificação e são transferidos para o viveiro no meio da mata, e ganham espaço de sobra para voar e treinar a musculatura das asas que ficam atrofiadas”.

Mesmo quando as portas do recinto se abrem, muitos animais demoram para sair definitivamente, pois se sentem inseguros e voltam para buscar comida até recuperarem o instinto de sobrevivência. Fábio Moreira, chefe de Educação Ambiental da Secretaria confirma que “o grande desafio é ensinar o bicho a voltar a ser bicho”.

Além de monitorar os animais, de acordo com o gerente de Meio Ambiente da Ambev, Luiz Alves dos Santos, o programa ainda tem um trabalho de conscientização com a comunidade do entorno. “Cerca de 650 alunos de escolas estaduais participaram de programas de educação ambiental para aprender a preservar a biodiversidade”, ressaltou.

Armadilhas Fotográficas em Guarulhos

O trabalho de identificação de espécies acaba de ganhar um importante aliado. O Centro Nacional de Pesquisa para Conservação dos Predadores Naturais (Cenap), ligado ao IMC Bio, do Governo Federal, acaba de implantar oito câmeras com sensor de presença para captar calor e movimento dentro das matas.

Para a analista ambiental e bióloga do Cenap, Tathiana Bagatini, o programa Guarulhos tem Biodiversidade, que mapeou 274 espécies em vida livre, 174 delas na Ambev, deve crescer com a implantação das armadilhas fotográficas. “Em alguns dias de observação já identificamos mais de 30 animais, pois as câmeras têm a vantagem de captarem imagens, inclusive, durante o período noturno. Já vimos em Guarulhos o tapiti, único coelho brasileiro nativo, onças, gambás, capivaras e gaviões”, afirmou.

De todas as iniciativas realizadas, nenhuma parece motivar tanto quanto a reintrodução e soltura de animais. Mais do que tarefa ou atribuição, a devolução das espécies apreendidas é um desejo da própria sociedade. Embora não seja tão simples como abrir as gaiolas, a Secretaria de Meio Ambiente de Guarulhos vai soltar os bichos capturados para que eles cumpram seu verdadeiro papel ecológico.

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